terça-feira, 6 de abril de 2010

Água, muita água


Parecia anunciado ontem, quando um amigo meu me ligou pedindo abrigo para dormir. Ele tentava ir para casa mas a chuva forte e a falta de ônibus o fez tomar esta desesperada medida e, como lhe disse, "perturbar a paz de meu lar", claro, em tom de brincadeira.
Acordei hoje de manha, e minha avó bem me disse: "Não vai, tá chovendo muito, vai acabar alagando, choveu a noite toda!" Como sempre, não dei ouvidos à velha (de forma carinhosa). Me mandei para a faculdade com aquele dilúvio, sendo que ontem eu já havia pego muita chuva, ainda mais que meu guarda-chuva quebrou. A chuva em Copacabana até eu entrar na estação Cardeal Arcoverde era uma chuva, mas normal, um pouco forte. Saltei na estação Botafogo que aparentemente estava nas mesmas condições... aparentemente. Atravessei a primeira rua transversal à Muniz Barreto, a segunda rua também tranquila de atravessar. A terceira é que o jogo virou. Era LITERALMENTE um rio! Não havia como atravessar a rua sem se molhar, no mínimo até o joelho. Pensei milhões de vezes em voltar para casa, mas não sabia se teria aula, ainda mais que era entrega de trabalho e o professor não permite entregar na aula seguinte, por isso toda a minha insistência. Resolvi ir pela orla para ver se estava mais "seca". Que nada! A orla estava ainda mais cheia, a água ali era nas coxas. Foi quando eu me deparei ilhado. Olhei para frente e estava cheio. Olhei para trás e tinha enchido só no tempo que fiquei pensando em como passar pela água da frente. Sem saber o que fazer, meti bronca na água da frente que, de fato, me pegou pelas coxas. Sentia a água entrar pelo tênis e molhar as minhas meias. Sentia a calça ficar colada na minha perna. Em um dado momento vi a portaria, não alagada, do Centro Empresarial de Botafogo. Vi que havia um "caminho" por um canteiro que dava em uma outra portaria. Vi ali uma oportunidade, mas quando cheguei lá, estava ainda mais alagado que antes e a água deveria pegar na cintura. Foi aí que eu peidei na farofa e resolvi ficar na entrada principal do Centro Empresarial de Botafogo. Fiquei em pé, sentado, enfim, um bom tempo olhando os 3 degraus daquela entrada, o primeiro já submerso. Lá, li uma mensagem da minha namorada me desejando bom dia e me pedindo para ter cuidado no caminho para a faculdade. Tentei ligá-la a cobrar, mas ela não conseguia me retornar pois a ligação caía na caixa postal. Acabei por ligar para um amigo meu que mora no Grajaú para saber como estavam as coisas. Ele disse que tentaria ir para a segunda aula. Aconselhei-o ficar em casa, coisa que ele prontamente acatou. Liguei para uma amiga que mora em Niterói que nem de casa saiu pois a ponte Rio-Niterói estava interditada. Ela disse: "Não deu tempo de você ver ? As autoridades mandaram todos ficarem em suas casas." Xinguei tanto a minha avó por um erro meu: "Velha desgraçada, tinha que estar certa!", inclusive liguei para ela: "E ai? Você quer que eu lhe diga logo que você estava certa ou prefere depois?" Sem falar nas vezes em que olhei para o céu e falei: "Ô daí de cima, não pedindo para ser que nem Moisés e abrir a água, fazer aqueles corredores, nada disso. Eu só peço a Arca de Noé... rola? Não?! Ok!" Num dado momento, o segurança do prédio veio me comunicar que eu não poderia ficar sentado na porta e que eu entrasse e utilizasse as poltronas de dentro. Eu adorei esta ordem, para mim a única coisa boa do dia, até então. Fiquei exatas 2 horas sentado naquela poltrona. E nada da água baixar. Até baixou... uns 3 milímetros. Me arrisquei e fui embora mesmo assim. Cheguei no metrô para ir para casa, mas estava apinhado de gente... e de água, MUITA água. Optei por ir a pé, tendo que entrar na água diversas vezes, me molhar sempre mais um pouco e me cansar ainda mais. Com o corpo dolorido, molhado e extremamente cansado, finalmente cheguei em casa. Sem hinos, nem cerimônias, minha premiação foi uma quase paz celestial de estar em casa depois de uma terça-feira extremamente chuvosa, digna da composição "Águas de..." ...Abril! Porque as águas de março viraram cuspe perto desta de hoje.

2 comentários:

  1. PELO AMOR DE DEUS!! Passe a ouvir mais a sua avó! Intuição feminina não falha!

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  2. Isso mesmo! Passe a ouvir mais a Dna. Marilu e não me deixe mais preocupada. Caramba, você podia ter caído num bueiro (se é assim que se escreve porque hoje estou péssima pra algumas palavras)!
    Gaiato! Hum...

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