domingo, 14 de março de 2010

Vai com Deus, amigo!


Era de praxe! Eu chegava cedo de manhã, e meus amigos vinham chegando logo depois. Dentre eles uma figurinha marcante na faculdade. Conheci-o no início de 2009. Chegava ele de cadeira de rodas, sempre animado, raros os dias de sono que a faculdade de manhã proporciona a todos. Quando o Botafogo perdia ele vinha me caçoar pelas estripulias do meu time bizarro. Quando o Flamengo perdia, ele aceitava as zoações na boa. Aceitava na boa porque era alguém de bem com vida. Não ligava para qualquer problema, não ligava para ninguém. Ele era livre sendo ele mesmo e por isso era feliz. A brincadeira dele comigo era me assustar dando guinadas com a cadeira de rodas para cima de mim. Nem tinha medo de me machucar, mas tinha medo da cadeira virar. E ele nem aí para isso, ele queria brincar. Sem falar quando fazíamos aquelas brincadeiras de viado, do tipo apertar a mão e passar o dedinho na mão do outro, bem gay mesmo, e depois ria junto. Na sexta-feira eu estava brincando com ele, quando tive que ir para minha aula e me despedi. Após a aula o vi, mas não fui falar porque tinha pressa para chegar em casa. Se eu soubesse que ele iria neste final de semana, teria cagado para chegar em casa e tinha ido falar com ele, pela última vez. Agora me deixa saudades de rir com ele. Agora eu sinto falta, antes mesmo de um dia de aula. Até mesmo elevador para os cadeirantes iria ser inaugurado na faculdade. O elevador, que será conhecido por todos como Ricardinho, que deixará saudades em seus amigos. Vai com Deus, amigo flamenguista, vai com Deus que ele te espera e te receberá de braços abertos.

2 comentários:

  1. ''Vai com Deus, amigo flamenguista, vai com Deus que ele te espera e te receberá de braços abertos''. [2]

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  2. Puxa...que texto bonito...nenhuma alegria tira de nós tantas reflexões quanto uma grande perda...assim caminha a humanidade...assim é a vida...Deus te abençoe e console todos os corações atingidos...

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