quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Jornalismo


Uma sala escura e sombria. Todos já foram embora para seus lares, mas eu tenho que ficar aqui, escrevendo, digitando, debatendo comigo mesmo. Um furo de reportagem e isso precisa estar na primeira página às 4 da manhã. A fumaça de meu café quente dançava algo parecido com tango com a fumaça provocada pela guimba de cigarro que terminei de fumar e amassei no fundo do cinzeiro. Nos fones dos meus ouvidos, os costumeiros roqueiros do XYZ tocavam o blues "On the blue side of night". Nada mais apropriado para um ambiente melancólico e solitário, sem qualquer perspectiva. Saber que todas as pessoas irão se impressionar com uma notícia meramente sensacionalista e nem pensarão no jornalista que a escreveu, absolutamente jogado às traças enquanto os outros estão brincando com os filhos e se preparando para dormir. Dormir aliás, era algo que nem passava a minha cabeça, tal a quantidade de tabaco que queimei e os milhões de mililitros de cafeína que ingeri. Enfim, termino a matéria e a sensação de dever cumprido me encheu o coração. Dever cumprido? Dever cumprido o cacete! Deixa eu ir me embora! Quero beijar minha mulher e jogar botão com meu filho. Fui!

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